O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal Eurico Brilhante Dias manifestou a importância de a Europa deixar atrás a pandemia, enfrentar a crise no seu todo, sem “apontar o dedo a ninguém”. Dias, que se encontrou em Atenas por ocasião do Delphi Economic Forum, sublinhou ao “TA NEA” que a segurança e a paz constituem ferramentas críticas para a recuperação económica da UE, enviando uma mensagem à Turquia que terá que as respeitar para cooperar com a Europa.

Qual será a posição de Portugal na forma como a UE irá lidar com os países que eventualmente se confrontarão com problemas económicos depois da pandemia?

Grécia e Portugal saímos mais fortes desta crise. As nossas economias encontram-se em situação melhor. Devo dizer que em 2019 alcançámos, pela primeira vez, excedente na nossa economia e a dívida baixou; naturalmente agora está a crescer novamente, mas estamos a atravessar uma pandemia e irá de novo descer. Somos uma economia mais aberta e exportamos mais. Somos abertos a investimentos diretos estrangeiros. Assim, as nossas economias são mais robustas hoje em dia. E desta vez a crise é absolutamente simétrica e sincronizada.

Existem margens de reforço da cooperação entre Grécia – Portugal?

Claramente. A Grécia é um player importante no domínio da “economia azul” e não só na marinha mercante onde constitui o país com a maior frota na UE. Nós queremos aumentar os navios sob pavilhão português, mas dispomos ainda de serviços relacionados com a marinha que dizem respeito à manutenção e reparação de embarcações gregas, muitas das quais já vêm a Portugal. Podemos cooperar mais no setor da energia. Já empresas portuguesas investem nas fontes de energia renováveis. Em outros setores, como o agroalimentar e os transportes, diversas empresas olham para a Grécia como um mercado interessante que pode servir de ponte não só para os Balcãs, mas também para outras regiões. Dados os laços fortes com o Médio Oriente, a Grécia pode ser a ponte que ligará Portugal a outras zonas e Portugal pode fazer o mesmo e ligar o mercado grego a países da América Latina e de outras regiões.

O ano de 2020 foi um ano de provocações e de tensão da parte da Turquia. Considera que atividades deste género ameaçam a segurança e a estabilidade na região?

TA NEA - Entrevista de Eurico Brilhante Dias (texto original)

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